venerdì 10 ottobre 2014

Formação e Identidade (forte)-Fra. Sergio Dal Moro (Consigliere accompagnatore)

Nesse mês de setembro, o Ministro Geral, Frei Mauro, estará enviando à toda Ordem uma carta circular com o tema  Identidade e Pertença. Uma autêntica identidade tem necessariamente um grupo prioritário de pertença. Sem pertença não há identidade verdadeira.  Esse tema da identidade interessa diretamente à formação, tanto inicial como a permanente, particularmente em nossos tempos.

            Vivemos, em nossa sociedade, tempos de liberdade e de respeito à alteridade.  Estes, em si, são valores apreciáveis. Cada pessoa tem o direito sagrado de escolher seu caminho, fazer suas opões, ser vinculado a um grupo religioso ou não, viver sua vida livremente. Qualquer mecanismo ou instituição que tente criar limites de liberdade para as pessoas é criticada, rejeitada e mal vista.  Radicalizada, no entanto, essa cultura da liberdade faz com que as pessoas, aos poucos, vão perdendo seus valores de referência. Qualquer coisa é a mesma coisa. Perde-se a originalidade e a própria identidade fica diluída. Nesse processo, vai se instalando uma mentalidade relativista de opção pelo imediato e pelo que dá prazer e satisfação. As pessoas não se perguntam pela verdade, pelos autênticos valores, mas, pelo que é bom, agradável e prazeiroso. Disso tudo deriva os “valores” que a sociedade oferece à novas gerações: hedonismo, individualismo, desejo de posse e de acúmulo , independência, concorrência, conforto, vida cômoda, prestígio, busca de poder, autocentralidade.  Não há dúvidas que essa é a realidade interior de muitos dos jovens que batem às nossas portas manifestando o desejo de ser frades. A própria vida consagrada não está isenta dessas influências. Antes, os sinais de vidas consagradas banalizadas, sem vibração, cinzentas e de comportamentos ambíguos, são cada vez mais frequentes.
            A vida religiosa franciscana-capuchinha deseja ser uma proposta alternativa a essa realidade: uma vida fraterna, de partilha, de serviço, frugal e menor, na mútua dependência, peregrinos e forasteiros, sem nada de próprio, na oblação e obediência, na busca de Deus.  Como fazer a passagem daquele modo de ser para este? Aí está o grande desafio da formação inicial, mas, também permanente, pois, todo o irmão precisa de muita vigilância para não retornar aos velhos valores. Nesse sentido, a formação inicial implica num verdadeiro processo de conversão: passagem de um projeto mundano, no sentido literal da palavra, para um projeto evangélico. Se a formação inicial não atingir o coração do jovem para mudar seu projeto existencial, não haverá formação, não haverá conversão. Se a formação inicial se preocupar apenas com a adequação disciplinar e não trabalhar as motivações profundas para que se realize a mudança, colocaremos um hábito franciscano num jovem que em seu coração estará em contradição com o que aparenta.  Será um homem aparentemente de Deus com atitudes não evangélicas. A vida consagrada, então, antes que ser franciscanamente menor, torna-se um meio da buscar a própria promoção e ascensão social. De um coração não convertido, em que não aconteceu a mudança de projeto, nascem  a concorrência, maledicências,  conflitos, busca de posse e poder, apropriação de dinheiro e bens. Como consequência vamos ter um religioso fragilizado em suas convicções e valores, um problema institucionalizado e escândalo para o povo de Deus.
            Eis aí o grande desafio da formação: ajudar esses jovens que ingressam com motivações defensivas e humanas a fazer um processo de mudança para que possam assumir uma identidade religiosa e franciscana realmente forte, resistente, com  “músculos”  e ser, de fato, testemunho alternativo e realmente evangélico para  nosso mundo.

            Precisamos motivações profundas e identidade forte não para concorrer com outros carismas ou com a sociedade, mas, para entrar em diálogo, servir e se doar. Alguém que não tem clareza em sua identidade não terá pré-condição para entrar em diálogo  e respeitar o diferente. Não será um servidor, mas, alguém que sonha ser servido. Em vez de conduzir, será conduzido pelo mundo, em vez de evangelizar será  contraevangelizado. Sem identidade forte, será “morte na praia”. Mais do que nunca formar para a vida consagrada é um desafio e requer formadores habilitados, muita capacidade de diálogo e um longo tempo de reflexão, contemplação e práticas para que o projeto evangélico se torno carne, coração e vida de cada frade e de todos os frades. 

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